As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
- como são belas as tuas mãos -
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos...

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam 
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...

 Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acende-los contra o vento? 
Ah, como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.

E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama da vida - que transcende a própria vida...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...
     -Mario Quintana 
Dedico esse poema ao meu querido e amado pai, João, que tanto aquece minha alma com seu amor, cuidado e desvelo. Sou feliz por tê-lo como pai, amigo e exemplo de vida. Ele não possui formação acadêmica, mas é doutor em dignidade, decência, honestidade e amor. Ah, sim, ele sabe amar, amar como ninguém. E hoje, sou ainda mais feliz por vê-lo desempenhar seu papel de avô com muito louvor. Felizes são meus filhos, muito, muito felizes! Pai, obrigada por ser exatamente como é e por todo esse amor, que me dá sempre. Eu te amo!!
Sua Katola.